A Escola Superior de Tecnologia (EST), do Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPCB) acolheu o Workshop Temático “Circulariadade na Eletrónica: Estratégias, Ecodesign, Recuperação e Reciclagem de Materiais”, no passado dia 28 de Maio, promovido pela Inova-Ria – Associação de Empresas para uma Rede de Inovação em Aveiro, no âmbito da Agenda da Microeletrónica.
O evento reuniu profissionais e especialistas dos setores tecnológico, académico e industrial para refletir sobre os desafios e soluções no domínio da economia circular aplicada à eletrónica, com foco no ecodesign, recuperação e reutilização de materiais e componentes.
José Miguel, representante da TRC, destacou a aposta da empresa na valorização de equipamentos eletrónicos através do recondicionamento rigoroso, em alternativa à reciclagem tradicional. "O nosso modelo reduz o impacto ambiental e responde à obsolescência dos componentes com soluções técnicas equivalentes, mesmo quando os fabricantes dificultam o acesso à documentação", explicou. Sublinhou ainda que a TRC tem investido fortemente na automação dos processos de testagem e reparação, com vista ao aumento da escala e eficiência da reutilização eletrónica.
Brígida Lopes, da CP – Comboios de Portugal, apresentou o trabalho desenvolvido no Centro de Desenvolvimento e Estudos em Eletrónica, que integra princípios de ecodesign na modernização de sistemas embarcados nas automotoras. Referiu que "a substituição faseada de componentes, a reutilização de circuitos integrados e a aplicação de engenharia inversa permitem-nos reduzir custos, prolongar o ciclo de vida dos equipamentos e minimizar o impacto ambiental". Defendeu ainda que o setor ferroviário tem grande margem para inovação sustentável, desde que invista em conhecimento interno, soluções energeticamente eficientes e modularidade.
Já Rogério Dionísio, docente no IPCB, partilhou a experiência do Laboratório GreenUpPCB, uma infraestrutura criada para responder à obsolescência de componentes e apoiar a recuperação de placas eletrónicas, com aplicação em áreas como a energia renovável e a automação industrial.
Além de prestar serviços a empresas, o laboratório serve também como base prática para a formação de novos profissionais. "Através de unidades curriculares focadas no ecodesign e de microcredenciais técnicas, o IPCB está a preparar uma nova geração de engenheiros com competências orientadas para a circularidade e a sustentabilidade", afirmou. Referiu ainda a importância da articulação com a incubadora startup.cb e com o Gabinete de Transferência de Tecnologia, que permitem levar a investigação aplicada ao terreno empresarial.
A sessão de Q&A, moderada por Marta Lopes, do PCI, permitiu um momento dinâmico de partilha entre os participantes e oradores, onde foram debatidos temas como os entraves legais à reutilização, os modelos económicos alternativos e o papel da colaboração entre empresas e instituições de ensino.
A sessão foi encerrada por Rogério Dionísio e Paulo Marques, da Inova-Ria, que sublinharam a importância de consolidar redes de inovação para acelerar a transição ecológica do setor.
A Inova-Ria reafirma o seu compromisso em impulsionar a capacitação tecnológica e produtiva das empresas portuguesas, mantendo a Agenda da Microeletrónica como uma ferramenta estratégica para enfrentar os desafios da sustentabilidade, da digitalização e da inovação colaborativa.
O próximo workshop será anunciado em breve.
Sobre a Agenda da Microeletrónica A Agenda Microeletrónica tem como objetivos promover um conjunto de projetos inovadores, de natureza complementar e mobilizadora, que fomentem uma maior capacitação tecnológica e produtiva do setor da Microeletrónica; reforçar as capacidades internas de I&D e Inovação das empresas do setor para que os produtos, tecnologias e processos desenvolvidos apresentem um potencial inovador de larga escala e, por último, promover, de forma transversal para todo o setor, atividades de transferência de tecnologia, cooperação internacional, atração de investimento e desenvolver atividades de formação e capacitação de recursos humanos.
Com o propósito de mobilizar o crescimento do setor da microeletrónica em Portugal, a Agenda Microeletrónica segue um conjunto de ações focadas na inovação e I&D de soluções tecnológicas assentes em quatro pilares estratégicos: Transição digital; Transição ecológica; Crescimento inteligente, Sustentável e Inclusivo e Resiliência económica.
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